Enviar texto por Whastapp
Enviar texto por Telegram

O tema de hoje é quase uma febre entre os seres humanos. Nos dias de hoje os seres humanos vivem febrilmente a busca de uma coisa chamada segurança, sentir-se seguros. Existe a segurança alimentar, de saúde, a financeira, familiar. Enfim, em diversos aspectos o ser humano busca vivenciar acontecimentos com uma sensação de segurança.

Hoje é dito que não se devem comer comidas gordurosas, pois isso pode atacar a saúde. Por causa disso, sente-se seguro se não comer este tipo de alimento. Os carros são equipados com grandes aparatos de segurança: cinto, air bag e mais uma série de coisas. Quando possui estes equipamentos no seu veículo o ser humano se sente seguro. As casas são cercadas de alarmes, trancas e cercas elétricas que afirmam que protegem o ser que está dentro da casa para que ele sinta-se seguro.

Mas, será que realmente dá para se sentir seguro durante os acontecimentos da vida? Será que usar estes instrumentos realmente afasta o ser humano do perigo? Eu diria que não…

Uma pessoa vem no seu carro todo equipado com equipamentos de segurança. Está sozinho numa estrada – não tem ninguém na frente nem atrás – viajando dentro da velocidade indicada. De repente vem um carro pelo outro lado da estrada que perde a direção e acaba batendo de frente com este que está sentindo-se protegido porque está utilizando-se de todas as normas de segurança.

Será que estou contando história da carochinha? Estou falando de coisas que nunca aconteceram? Vocês sabem bem que não. Sabem que isso acontece frequentemente nessa vida. E aí, cadê a segurança? Cadê a proteção que os equipamentos lhe prometeram?

Outra pergunta. Tem um grupo de pessoas numa calçada. Pela rua vem um carro que perde a direção. Ele passa por todas as outras pessoas que estão na calçada sem atingi-las e vai acertar exatamente uma determinada pessoa. Porque ele escolheu aquela pessoa? Porque não acertou um antes ou um depois?

Estes são exemplos que mostram claramente que os equipamentos ou opções de segurança realmente não podem proteger a todos…

Mas, qual o custo para o espiritualista por sentir-se seguro? Quando se sentido seguro por usar os sistemas de segurança é a casa dele que é invadida, é ele que escolhido para ser atropelado, para sofrer o acidente, o que acontece com este ser humano? Sofrimento…

Ele sofre, tem raiva, fica magoado… Começa todo um processo que lhe leva a perder a sua paz, a harmonia e a felicidade. Ou seja, afasta-se de Deus.

Esse é o raciocínio que o espiritualista precisa ter ao vivenciar a as situações onde ele coloca ou possui equipamentos de segurança. Para que? Para não sentir-se seguro…

Sentindo-se seguro por conta destes equipamentos, o espiritualista estará percorrendo um caminho que não o levará a Deus, que não o aproximará do Pai. Por isso, o espiritualista precisa ao vivenciar a vida humana, mesmo que nos acontecimentos dela tenha equipamentos de segurança, não sentir-se seguro.

Quero só fazer um parêntese. Quando falo em não sentir-se seguro, não estou falando em sentir-se inseguro. O espiritualista não deve vivenciar os momentos da vida sentindo-se seguro ou inseguro. Para isso ele precisa saber que nesta vida existe um detalhe contra o qual os equipamentos de segurança não tem o menor valor, não podem agir contra. Que detalhe é esse? Fatalidade…

Eis aí mais um corrimão para o espiritualista se apoiar na vivência dos acontecimentos da vida humana. Ele pode colocar sistemas de segurança no seu carro, na sua casa, fazer uma segurança alimentar ou de saúde sem problema algum. O que ele não pode é sentir-se seguro e isso ele consegue sabendo que existe a fatalidade, um acontecimento que nenhum equipamento de segurança impedirá de acontecer.

851. Haverá fatalidade nos acontecimentos da vida, conforme ao sentido que se dá a este vocábulo? Quer dizer: todos os acontecimentos são predeterminados? E, neste caso, que vem a ser do livre arbítrio? A fatalidade existe unicamente pela escolha que o Espírito faz ao encarnar, desta ou daquela prova para sofrer. Escolhendo-a, institui para si uma espécie de destino que é a consequência mesma da posição em que vem a achar-se colocado.”… (O Livro dos Espíritos)

Na pergunta 851 de O Livro dos Espíritos, Kardec pergunta claramente: a fatalidade existe, ou seja, existem acontecimentos que com certeza vão acontecer independente da vontade do ser humano? A resposta é sim, a fatalidade existe. Ou seja, o mentor dos espíritas afirma que vão haver acontecimentos que nada pode mudar.

Porque estas coisas não podem ser mudadas? Porque o sistema de segurança não pode proteger contra a fatalidade? Nessa mesma questão fica bem claro o motivo: porque o espírito ao escolher o seu gênero da prova antes de encarnar criou para si uma espécie de destino que não pode ser alterado depois de encarnado, como está no capítulo sobre a escolha das provas.

“267. Pode o Espírito proceder à escolha de suas provas enquanto encarnado? O desejo que então alimenta pode influir na escolha que venha a fazer, dependendo isso da intenção que o anime.”… (idem)

A existência da fatalidade: este é o fundamento, o corrimão que o espiritualista precisa usar.

Vou instalar todos os equipamentos de segurança que instalar, mas não vou me sentir seguro, porque sei que existe a fatalidade e que ela é inexorável. Ela acontecerá e não tem jeito. Posso me prevenir de qualquer coisa, mas acontecerá o que tiver que acontecer para que o gênero de prova que pedi antes da encarnação ocorra’. Essa é a vivência espiritualista nos momentos onde ele está cercado por equipamentos de segurança. .

Espiritualista, aquele que vive para algo além da matéria, jamais aceita a segurança que a mente propõe, porque sabe que existe a fatalidade. Sabe que a fatalidade jamais vai deixar de acontecer. Portanto, ele caminha pela vida sem sentir-se seguro, mas sem sentir-se inseguro, pois sabe que tudo pode acontecer se estiver pré-programado. E se estiver pré-programado é porque ele pediu esse acontecimento.

Acredito que tenha ficado bem claro o assunto, mas quero dar mais uma pitadinha para vocês entenderem a importância do não vivenciar o sentir-se seguro.

Já disse que quem se sente seguro quando a fatalidade acontece sofre e com isso se afasta de Deus. Mas, tem outro detalhe que afasta o ser de Deus quando ele sente-se seguro.

Por sentir-se seguro, sempre que a fatalidade acontece o espiritualista acha que houve um erro de alguém. Foi o operário que construiu o carro errado, que não fez a cerca elétrica muito boa, foi o motorista do outro lado que não dirigiu bem. Ou seja, quando o espiritualista vive seguro e a fatalidade ocorre, há sempre um culpado para as coisas.

Ao viver a culpabilidade, o que ele faz? Deixa de amar o próximo como a si mesmo, deixa de amar a Deus acima de todas as coisas. Esse é outro aspecto desse tema muito importante.

Se você se deixa levar pela questão do sentir-se seguro e a fatalidade acontecer arrumará culpados e quando fizer isso se afastará de Deus. Esse é outro aspecto que mostra bem a importância deste tema. Mas, há um terceiro que quero abordar e que também serve como mais um corrimão para o espiritualista vivenciar a vida caminhando para Deus.

Eu disse que o espiritualista não deve sentir-se seguro. Disse, também, que não é por causa disso que deve sentir-se inseguro. Mas, como superar a insegurança? Usando um corrimão chamado fé. Apoiar-se na fé.

O que é fé? Entrega com confiança. Para o espiritualista que sabe que existe a fatalidade inexorável poder viver esta vida tendo uma vivência que o aproxima de Deus, ele precisa ter a entrega com confiança a este algo além da matéria que sabe existir. Para que o espiritualista que não vivencia o sentir-se seguro não sentir-se inseguro, é preciso saber que nada jamais acontecerá que não seja o melhor para este algo além, para este algo mais. É dessa fé que estamos falando.

Não importa quando a fatalidade se pronuncie, o espiritualista precisa saber que aquilo foi criado a partir do seu próprio pedido e este foi feito por ele quando liberto da mente humana porque considerava aquilo o mais importante para ele. É essa a entrega necessária para não viver a insegurança. É a entrega ao lado espiritual que o espiritualista, aquele que além de acreditar haver em si algo além da matéria vive para este algo mais, precisa fazer para viver sem insegurança. Ele não deve se deixar levar pela vivência a partir dos aspectos humanos, mas saber que o que está ocorrendo são fatalidades geradas para atender o seu próprio pedido quando liberto da mente humana e que ele foi feito porque sabia que aquilo era o melhor para ele.

Portanto, com este estudo colocamos mais dois corrimões para que o espiritualista se apoie na sua busca da aproximação de Deus. Já havíamos colocado outros quando falamos dos ensinamentos dos mestres e quando abordamos o tema ‘vegetarianismo’ – a matéria não pode influenciar a moral do espírito. Agora colocamos mais dois: o espiritualista vivencia os acontecimentos deste mundo com a certeza de que existe a fatalidade e que ela é oriunda do seu próprio desejo antes de encarnar; ele se entrega à vida, aos acontecimentos da vida, com a confiança de que tudo está programado a partir do seu próprio pedido antes da encarnação espírito e este foi feito porque ele sabia que eram necessários para que tenha, quando sair da carne, o avanço que espera.

Participante: até mesmo se um chá ou uma medicação vai fazer efeito ou não é pedido antes da encarnação?

O chá e a medicação fazer efeito ou não, não é pedido antes da encarnação. O que é pedido é gênero de provas.

Você pede um gênero de provas e Deus dramatiza os acontecimentos da vida para que o gênero de provação pedido esteja presente. Por exemplo: você quer se libertar do apego à ciência biológica humana. Você pede isso. Deus, então, cria uma falha de remédio ou uma doença que por conta da sua forma de viver não deveria ter. Com estes acontecimentos, o seu desapego da ciência médica está em jogo.

Portanto, a situação em si, o desenho da situação não é pedido pelo espírito. É uma fatalidade desenhada por Deus. Só que quando ele desenha esta ou aquela fatalidade para cada um o faz preso ao gênero de provas pedido pelo espírito.

Portanto, finalizando nossa conversa, afirmo que é isso que precisam estar atento: é necessário que o espiritualista jamais sentar-se seguro. Para não se sentir assim, ele precisa se lembrar da questão 851 de O Livro dos Espíritos onde se diz que a fatalidade existe. Também não deve sentir-se inseguro. Para isso precisa usar a fé, ou seja, a entrega com confiança a este algo além que ele não sabe quem é, como é, mas sabe que tudo que acontece nesta vida foi gerado a partir do pedido deste algo mais.

Compartilhar