Para terminar, deixem-me apenas falar um última coisa. O espírito quando atinge a perfeição vive o que? A felicidade … Sendo assim, posso dizer que viver a felicidade é a atividade fim da vida humana.

A finalidade da vida humana é aprender a viver em felicidade. Isso quer dizer que nela não deve haver sofrimento. As situações ditas sofredoras são a oportunidade de se vencer alguma coisa para que se possa merecer viver a felicidade.
Do mesmo jeito que falei quando me referi à atividade fim da sangha, o meio para alcançar a finalidade da vida não importa. Se você não entender a finalidade da vida humana, sempre sofrerá com os meios que ela possui.
Se você tem alguma coisa, o ter é um meio para ser feliz; não tendo, esta condição é o seu meio para ser feliz. Se não tem o que quer, esse é o meio que você mesmo julgou importante para ser feliz.
Mas, como você pode ser feliz tendo o que não quer ou não tendo o que quer? Vivendo com felicidade tudo o que tem.
Então, quando se descobre que a finalidade da vida é ser feliz, se tem a consciência de que não importa os meios que estão disponíveis, há possibilidade de ser feliz. Os meios de que cada um dispõe são historinhas que não devem ter a sua atenção. É preciso que se concentre em alcançar a finalidade da vida: ser feliz com o que tem.
Como se consegue ser feliz com o que tem? Não querendo ter o que não tem. Se você para de querer ter o que não tem, consegue ser feliz com o que tem.
Esse é o trabalho da vida daquele que descobre que a finalidade da vida humana é ser feliz. Agora, aquele que ainda acha que a finalidade da vida é ter prazer, conquistar vitórias, materiais ou morais, ter satisfação e os desejos atendidos, esse sofrerá a vida inteira.
É isso. Se Deus lhe deu um limão …
Participante: faça uma limonada …
Olha o humano falando. Estou dizendo que Deus lhe deu apenas o limão e mais nada. Como é possível se fazer uma limonada sem água e açúcar? Aquele que entende a finalidade da vida não se preocupa em fazer limonadas, mas aprende a chupar o limão sem fazer cara feia.
Repare que na resposta que a sua mente criou, ainda existe uma busca de contentamento, de fuga do gosto amargo do limão. Quem entende a finalidade da vida não se preocupa em adoçar a vida, mas a chupar o limão sem deixar que o gosto cause algum sofrimento.
É isso que vocês precisam compreender. A vida existe com uma finalidade que precisa de meios para ser alcançada. Só que os meios não são a realização de nada, mas apenas a oportunidade para que você alcance a finalidade.
Por isso lhes digo: não se preocupem com os meios pelos quais as suas vidas operam; esteja sempre atento em buscar a finalidade da existência. Por isso digo há muito tempo: para ser feliz, é preciso ser feliz. Enquanto você não for feliz com o que tem, jamais será feliz.
Para poder ser feliz, nada melhor do que a figura que usei: aprender a chupar limão sem fazer cara feia. Isso vale para tudo, para todas as coisas desta vida. Não pensem em necessidade básicas ou em qualquer outra. Nada justifica você sofrer.
Eu sei que vocês falam que precisam e dependem de comida, mas há tantas pessoas que comem tão pouco e não morrem. Acham que precisam ter um companheiro ou companheira, mas, desculpa, tem tanta gente que é só e vive tão bem. Acham que precisam que as outras pessoas lhe entendam, que faça o que você acha certo para que seja feliz, mas, quantas pessoas vivem sem isso?
Saibam: nada justifica você perder a felicidade, ou seja, tomar a pílula que a mente lhe oferece. Não aceite a ideia de necessidades básicas, de condições, mínimas para viver feliz.
Normalmente quem me fala que precisa dessas coisas justifica dizendo que é humano. Só que você não é: trata-se de um espírito encarnado. Portanto, nem esta justificativa serve.
As pessoas dizem que precisam de roupas. Será que precisam mesmo? Quem fala isso diz que não pode sair pelado na rua. Claro que pode: basta tirar a roupa e sair.
Participante: se fizermos isso seremos presos …
E daí? Isso só tem problema para aquele que diz que depende da liberdade para ser feliz. Se você compreende o sentido da vida, pode ser feliz mesmo enjaulado.
Não, vocês não precisam de nada que seja desse mundo. Quem precisa das coisas deste mundo é a natureza humana. É ela que cria essa dependência e cria, também, para justifica-la, a mesma frase do viciado em drogas, álcool e bebida: eu paro a hora que quiser.
Agora, engana-se aquele que acredita que a natureza humana tem as dependências que ela cria. Ela não depende das coisas deste mundo para existir. Ela só as cria para que você também se sinta dependente e com isso tome a pílula quando não tiver aquilo em que é viciado.
‘Ah, Joaquim, se eu ficar muito tempo sem comer vou morrer de fome’, vocês dizem. Você não acredita em outra vida? Como, então crê na morte? Além do mais, se conseguir viver sem depender de nada daqui, qual o problema de morrer? Não vai sentir falta de nada que existe aqui.
O medo que vocês têm da morte é o medo de viver sem as coisas que têm aqui. O filho, a família, os passarinhos, a natureza, o sol, a praia, etc. É o medo de perder essas coisas que os leva a ter medo de morrer. Por isso foi criado o mundo dos devas. Ela existe para que as pessoas tenham tudo o que tinham aqui e das quais se tornaram dependentes e com isso acabar com o medo da morte.
Participante: este não é o mesmo medo que sente o espírito na hora de entrar na barriga da mãe para encarnar?
Não. Neste caso é o medo de não vencer a batalha pela elevação. O espírito vem preparado para vencer, mas ele sabe que isso pode não ocorrer.
Participante: retroagir?
Não. Não é voltar para trás, mas não vencer as batalhas que ele mesmo se dispôs a lutar.
Participante: medo de não conseguir carregar as suas cruzes.
Isso mesmo.
As pessoas costumam de me dizer que não sabem se estão preparados para fazer o que ensino. Eu tenho certeza que sim. Sabe porquê? Porque vocês estão encarnados. Se um ser não tivesse condições de enfrentar as suas batalhas, Deus não o teria colocado aqui. Para que? Só para lhe gerar sofrimento, sensação de incapacidade?
Então, capacidade todos têm para fazer o trabalho de chupar o limão. Agora quando farão isso sem fazer cara feia? Quando fizerem, quando decidirem se desapegar das coisas deste mundo. Quando se libertarem da ideia que é normal se sofrer nesta vida.

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