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Entre os seguidores das diversas doutrinas evangélicas existe um debate que, imagino, deveria estender-se a todas as outras: Deus está vivo ou morto?
Para uns a teoria é de que Deus está morto. Crer nisso não quer dizer que para estes o Senhor tenha sumido ou desaparecido, mas que Ele encontra-se inerte. Tal teoria fundamenta-se no início da Bíblia Sagrada onde se afirma que Deus criou o mundo em seis dias e descansou no sétimo, dia este que ainda dura até os tempos atuais. Para os seguidores desta teoria o termo descansou é exatamente o que os leva a decretar a morte ou inatividade de Deus. Examinemos ao que esta teoria leva.
Seguindo esta teoria, Deus teria criado todas as coisas que existem. Ao fazê-lo, teria constituído os elementos da Sua criação com propriedades individuais que regeriam sua existência. Para os seguidores desta visão sobre a ação do Senhor, seriam estas propriedades que agiriam voluntariamente sempre que determinadas condições ocorressem. Para estes, Deus não teria influência na ação dos elementos. Ele os fez, os dotou de propriedades e, a partir daí, estas propriedades regeriam a ação dos elementos.
Exemplifiquemos. Para quem Deus está morto, os furacões e tornados são efeitos de condições climáticas (propriedades de elementos materiais); a gripe no corpo humano surge da exposição ao frio; o acidente automobilístico ocorre devido a falhas humanas (desatenção, inabilidade, imprudência) ou mecânicas (elementos que se quebram por conta de suas propriedades e não por ação externa).
Para quem crê nisso Deus está morto, inativo. Isto porque o acontecimento não é fruto de Seu querer, mas criado pelas próprias propriedades com as quais o Senhor dotou cada elemento.
Já a teoria do Deus vivo, ativo, compreende as coisas de uma forma diferente. Para aqueles que creem nela o Senhor criou todos os elementos nos primeiros dias, mas depois disso continuou obrando incessantemente. Ou seja, Deus criou os elementos dando a cada um deles propriedades específicas, mas para que elas entrem em ação é necessário que Ele as ative.
Dentro dos exemplos que demos anteriormente, aparentemente todos os acontecimentos teriam as causas naturais que foram citadas, só que para os crentes da atividade de Deus, para que as propriedades funcionem daquela determinada forma, seria necessário haver um comando do Senhor. Para estes, Deus está vivo, ativo, e causa tudo que acontece apesar dos elementos terem sido originariamente dotados de propriedades individuais por Ele mesmo.
As duas teorias não divergem quanto à origem da formação das coisas (Deus), mas sim quanto ao seu funcionamento. Enquanto uma diz que o Senhor está descansando (morto) e assistindo aos acontecimentos que são causados pelas propriedades das coisas, a outra afirma que em tudo que ocorre há a interferência direta de Dele para que as coisas ocorram.
Dissemos no início que tal discussão deveria se estender as outras doutrinas, porque este não é um debate meramente religioso, mas essencialmente espiritualista.
Espiritualismo é um sentido que um ser humano dá à sua existência quando opta por viver para amealhar bens no céu, para o atma. Mais do que seguidor de uma determinada doutrina, espiritualista é aquele que crê haver em si algo mais do que a matéria e que vive (tem como objetivo principal na existência) para este algo.
Quem vive com estas crenças crê nos ensinamentos trazidos pelos amigos espirituais através de O Livro dos Espíritos. Nesta publicação existe logo na primeira pergunta a informação: Deus é a Causa Primária de todas as coisas. Ou seja, Ele está constantemente ativo causando tudo que acontece. Apesar disso, muitos espiritualistas convivem com um Deus morto.
Quem são os espiritualistas que convivem com um Deus morto? São aqueles que declaram que vivem buscando o Pai, mas que ainda acreditam que é o buraco da camada de ozônio que está descongelando os polos e que por isso o nível da água se elevará e causará uma tragédia, ceifando milhares de vidas inocentes… São aqueles que culpam o ser humano de ter ativado uma reação das propriedades de alguns elementos (poluição) e que, apenas por causa disso, a reação química é inevitável…
Para estes eu pergunto: e Deus, Aquele para quem você diz que vive, está assistindo tudo isso sem fazer nada, sem causar nada? Para vocês, Deus está morto, ou pior, refém do ser humano, da Sua criação. Será que é possível para alguém viver para Outro que apenas assiste a Sua obra deixando ao encargo dela o auto direcionamento? Eu acho que não…
A discussão das duas teorias deveria estar em pauta, também, como item principal entre aqueles que se dizem universalistas. Como ser universal enquanto se privilegia o individual? Como pode alguém que diz que busca se integrar ao Universo Real imaginar que este tem que se submeter inconteste ao que o individual decidir?
Não há como ser universalista e se conviver com um Deus morto, inativo. O Universo pulsa e este pulsar comanda e regula a atividade de todas as coisas que existem acionando ou não as propriedades intrínsecas com as quais os elementos foram criados.
Este Universo é a Natureza, é Deus… O nome não importa: você pode dar o que quiser. No entanto, um universalista precisa compreender que existe dentro de um organismo vivo, ativo, que causa tudo o que acontece em todos os confins universais.
DEUS ESTÁ VIVO: ELE ACABOU DE FALAR COMIGO AGORA.
Sim, Deus está vivo. Isso porque, como ensinou o Espírito da Verdade Ele é a Causa Primária de todas as coisas. Ele não é só o Criador, mas também o Comandante da Vida. Nada acontece sem o Seu consentimento…
Deus não para jamais de obrar…
A causa primária não pode estar nas propriedades das coisas, porque senão quem seria a causa destas propriedades?
Por maior que seja obra de uma inteligência inferior, existe sempre uma Superior que a comanda…
Estes são mais ensinamentos do Espírito da Verdade espalhados pelo livro fundamental da doutrina espírita (O Livro dos Espíritos) que está ligado ao espiritualismo como uma das suas fases, nas palavras de seu próprio criador: Allan Kardec.
Sim, Deus está vivo e acabou de falar comigo agora. Isso porque acabou de ser inspirado o oxigênio que manterá o funcionamento do corpo que agora estou usando. Sei que a medicina afirma que esta função acontece por causa da disposição de determinados órgãos do corpo físico (propriedades da matéria), mas também sei que se Deus não desse o dom da vida este momento não estaria existindo.
Por isso sei que Deus falou comigo. Foi Ele que ativou (sei lá como) as propriedades das células do corpo físico para que a inspiração e a expiração acontecessem. Sei que por mais que um ser humano vá contra estes órgãos (use substâncias que a ciência afirma que causa mal), enquanto Ele não comandar a parada de funcionamento destas células elas não poderão parar por si só ou por questões meramente materiais ligadas às suas propriedades.
Deus falou comigo e me disse: ‘você está vivo e isso acontece porque Eu decidi assim’. E se Ele decidiu ninguém pode ir contra, pois como disse Jó, ‘quem pode dizer a Deus que Ele está errado’?
Estando sob sua tutela do Pai, quem poderá ser contra mim? Quem poderá atentar contra a ação de Deus? Mesmo que quisessem sei que porque Ele está vivo, está atento e não deixará me acontecer nada, a não ser que Ele decida que chegou o momento de tal ou tal fato acontecer. Neste momento ninguém poderá, também, ser contrário a isso.
Esta é abrangência maior que o debate sobre se Deus está vivo ou morto influencia na existência de um ser encarnado…
Para aqueles que convivem com um Deus morto, o inimigo está sempre à espreita nas esquinas… Na concepção daqueles que convivem com o Deus morto qualquer um pode prejudicá-lo. Seja o cigarro, a bebida, o assassino, os acidentes, todos estes elementos, regidos pelas suas propriedades intrínsecas, podem agir sem que o Pai possa fazer nada.
É daí que advém o medo… Mas, o que será o medo das coisas da via? A falta de fé. E, por que ela não existe? Porque Deus está morto inoperante para estes… Para aqueles que convivem com a teoria de que o Senhor apenas criou os elementos e que, a partir de então, são as suas propriedades que regem suas ações, ter fé é impossível, pois a sombra do ser vitimado o acompanha diuturnamente.
Por isso disse que este deveria ser um debate aberto para todas as seitas e doutrinas, quer seja espírita ou não. Sem a crença no Deus vivo, ativo, operante, Causa Primária de todas as coisas, não pode haver o exercício da fé que, segundo Cristo, é o motivador da felicidade do espírito.
Termino, então, com uma pergunta: SEU DEUS ESTÁ VIVO OU NÃO?