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Participante: há alguns anos atrás eu era louca para ter filhos. Achava que através de um filho poderia me sentir completa no quesito ser mais disposta a fazer de tudo por um outro ser, amar incondicionalmente e me sentir uma supermulher e mãe. Só que meu marido não compartilhava do mesmo pensamento que o meu, talvez por já estar ouvindo o Joaquim há tanto tempo. Ele sempre falou: se vier veio, não vou ficar me programando. Com isso eu sofria.
Só que com o tempo e com os estudos também essa minha vontade foi esfriando e de repente me vi com medo de ter filhos, a ponto de não sentir mais aquele sentimento de ternura que antigamente sentia quando pensava em um bebê. Hoje procuro meios para não correr o risco de ter, apesar de saber que não tenho controle sobre isso, mas para a minha mente fazer isso traz uma certa segurança. Só que ao mesmo tempo que traz essa segurança, me traz receio de que no futuro possa me arrepender e tentar ter um filho e não conseguir. Parece uma voz insuportável o tempo todo falando das vantagens de não ter filho e logo em seguida falando de um futuro arrependimento. Poderia comentar, por favor?
Posso.
Deixe fazer uma figura. Você liga o computador, aperta uma tecla a tela fica toda preta. Aí aperta outra e a tela fica toda azul. Aí diz: olha, mudou. Aí aperta outra diferente e a tela fica amarela.
Agora pergunto: de que cor é a tela do computador? Resposta: depende da tecla que aperta.
É isso que vocês precisam entender com relação a esses desenvolvimentos lógicos que a razão faz. Em um primeiro momento me disse que era doida para ter um filho. De repente já não é mais. Aí mostra mais uma vez que quer ter filho. Por quê? Porque fica com medo de não poder ter.
Esse é o desenrolar do seu pensamento, que atribui a si. Acha que você quer, que não quer, que tem medo, quando na verdade tudo isso botõezinhos, teclas que são apertadas na sua razão.
Sabe, vocês precisam entender que ninguém pensa, acha, quer, sabe. Tudo depende da tecla que é apertada na sua razão. Se uma determinada for apertada, você vai acreditar piamente numa coisa. Agora, se outra for no momento seguinte, vai acreditar piamente no oposto. Mais: ainda vai dizer que nunca pensou diferente.
Estou falando tudo isso para entender uma coisa: se tiver que ter filho, teve, se não tiver, não terá. Por isso, viva essa busca com leveza ao invés de ficar presa a ideias que acha isso, sabe aquilo, conhece algo. Viver desse jeito só vai fazer a vivência dessa situação ser pesada para você. Ser arrastada, sem saber o que quer, o que não quer, como é que vai, se vai, se não vai.
Viver desse jeito é colocar peso sobre si. É colocar um saco pesado sobre você. Ao invés disso, viva leve. Diga: sei lá, se tiver, tive, se não tiver, não tive.
Ter filhos não depende de programação. Muitos programam para ter e não tem, muitos usam todos os elementos para não ter e a camisinha fura. É isso que precisa entender. Ter o filho independe completamente do que você pensar, souber ou planejar.
Então, larga de mão esse pensamento todo. Abandone tudo isso e vá curtir seu marido. Se fizer, fez, se não fizer, não fez; se Deus colocar, colocou, se não colocar, não colocou.
Ficou claro?