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Participante: Fale também dos tais trabalhos encomendados nas encruzilhadas.

Deus é causa primária de todas as coisas. Sendo assim, se alguém vai ao centro de macumba pedir um trabalho contra outro, foi Deus quem o mandou ir lá e pedir o trabalho.

Só um detalhe:  esse trabalho serve tanto para quem faz como para quem recebe. Deus dá a um a intuição àquela pessoa porque ela nutre um determinado sentimento que o faz tornar-se merecedor de viver esse papel na vida. Ninguém vai ao centro pedir para fazer um trabalho contra outro, se não merecer ser o agente dessa situação carmática. Esse é um detalhe sobre o tema.

Quanto à eficácia, ou seja, se o que foi feito vai chegar à pessoa contra quem o trabalho foi feito, é outro detalhe. Não posso responder se sim ou não, porque também vai depender do merecimento. Ela só receberá a carga negativa do trabalho se for merecedora, pois Deus dá a cada um segundo as suas obras.

É por isso que na umbanda os exus dizem: ‘eu pego e vou levar, mas se não puder entregar, volto e devolvo’. Isso quer dizer que o exu pegará a carga energética, levará para a pessoa, mas, se ao chegar lá ela não merecer a receber, ele retornará e a devolverá para quem mandou.

Precisamos entender que um trabalho de umbanda nada mais é do que um despacho de uma carga sentimental. Fazer trabalho espiritual é enviar determinada carga sentimental a outro.

O espírito trabalhador chamado exu absorverá a carga daquele que faz o trabalho e a levará para entregar à quem foi destinada. Só que se a vibração de quem vai receber não se encaixar com a energia que devia receber, o exu volta com e a devolve para quem mandou. Isso porque ela é dele, foi ele quem a nutriu. O espírito é apenas um mensageiro, um trabalhador contratado.

Portanto, são esses os dois aspectos que gostaria de salientar sobre o tema que você perguntou. Primeiro, dizer que o trabalho é a emissão de uma carga sentimental (energia) e segundo, que tanto a fonte geradora quanto a receptora precisam estar em uma sintonia para que o trabalho dê certo.

A macumba não é o charuto, a cachaça, a galinha, a farofa, mas um sentimento. Na verdade, quando olha atravessado (nutre um sentimento de desconfiança) para alguém, está fazendo uma macumba. Quando tem raiva, está fazendo uma macumba. Quando acusa alguém, está fazendo uma macumba. Isso porque a macumba não são as coisas materiais, mas o sentimento que se coloca nas coisas.

Por isso, não importa se está falando, cantando ou oferecendo coisas materiais, sempre que nutre um sentimento por uma pessoa está fazendo uma macumba para ela. O sentimento é quem comanda a ação e não o contrário.

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