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Participante: se a oração não ajuda em nada, porque Cristo nos ensinou o Pai Nosso?

Todo texto de uma oração não são palavras para serem repetidas como ensinou Cristo: “Nas orações não fiquem repetindo o que já disseram como fazem os pagãos” (Mateus, 6, 7). Na verdade, o texto da oração traça em palavras o que é adorar a Deus…

Como vimos, orar é uma atividade sentimental, mas como ensinar alguém o que é um sentimento ou o que viver a partir de determinada postura sentimental? Para ensinar o que representa na vida humana comungar sentimentalmente com Deus é que os textos das orações foram criados.

Tudo o que é dito numa oração deve servir ao espiritualista como um balizamento para sua existência, ou seja, como uma manual de proceder na vida. Quando, por exemplo, se lê na oração que Cristo ensinou as palavras Pai Nosso, isto deve representar ao espiritualista que Deus é Pai de todos e não apenas dele. Sabendo disso, o espiritualista, como qualquer filho, deve esperar o momento do pai lhe presentear ao invés de exigir ganhar sempre. Deve manter-se equânime quando outra ganha, pois sabe que o Pai é de todos.

Todas as frases de uma oração devem ditar a forma de proceder daquele que afirma utilizar a oportunidade da encarnação para realizar o trabalho da elevação espiritual. É essa a forma como os seres humanizados convivem com a oração? Não… Para aqueles que oram apenas presos ao misticismo, à vontade de ganhar, um lembrete do Espírito da Verdade:

 “653 a. Será útil a adoração exterior? Sim, se não consistir num vão simulacro. É sempre útil dar um bom exemplo. Mas, os que somente por afetação e amor próprio o fazem, desmentindo com o proceder a aparente piedade, mau exemplo dão e não imaginam o mal que causam”.

“654… Mau exemplo dá todo aquele cuja adoração é afetada e contradiz o seu procedimento”.

(O Livro dos Espíritos)

A verdadeira oração se consiste em viver o que é considerado como uma postura espiritual. Aquele que acha que orar é apenas repetir palavras, mas que não pratica aquilo que recebe como ensinamento dos espíritos incorre num mau exemplo e com isso gera mal para si mesmo.

O modo de proceder espiritual é sempre aquele que reflete o amor a Deus acima de todas as coisas, inclusive às aspirações que o ser espiritual vivencia quando humanizado. Ou seja, todos os seus desejos e anseios ligados a acontecimentos deste mundo. Por isso Krishna orienta como imprescindível a vivência do yajña…

Yajña significa o sacrifício de seus desejos mundanos a Deus. Ele é praticado por aquele que mesmo desejando algo sacrifica tal vontade a Deus, ou seja, não sofre porque não tem o que queria ter, nem se regozija quando acontece de conquistar o que queria. Esta é a verdadeira oração.

Se a oração é um ato de adoração a Deus que consiste na elevação do seu padrão sentimental ao nível de Deus, isso quer dizer que nenhuma emoção humana pode lhe afetar. Para que isso aconteça, a prática do yajña é necessária. Sendo assim, posso dizer que praticar o sacrifício de seus desejos mundanos a Deus é a verdadeira oração.

Já observaram a ‘Oração de São Francisco’? Vejam se ela não é um guia perfeito do yajña…

Senhor, fazei-me instrumento de vossa paz.

Onde houver ódio, que eu leve o amor;

Onde houver ofensa, que eu leve o perdão;

Onde houver discórdia, que eu leve a união;

Onde houver dúvida, que eu leve a fé;

Onde houver erro, que eu leve a verdade;

Onde houver desespero, que eu leve a esperança;

Onde houver tristeza, que eu leve a alegria;

Onde houver trevas, que eu leve a luz.

Ó Mestre, Fazei que eu procure mais

Consolar, que ser consolado;

compreender, que ser compreendido;

amar, que ser amado.

Pois, é dando que se recebe,

é perdoando que se é perdoado,

e é morrendo que se vive para a vida eterna.

Por essas palavras aquele ser humanizado abriu mão de todos os seus supostos direitos humanos para servir como instrumento a Deus para que o que Ele determine aconteça. Isso é a verdadeira oração…

Siga estes preceitos e esta mesma forma de viver que você com certeza será muito mais ouvido pelo Pai e seus auxiliares do que pela repetição de palavras como faz hoje.

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