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Versículo 3 – A quem devo oferecer os meus respeitos (quando eu sou Brahman, eu próprio) sempre imaculado? Este mundo é apenas a obra de cinco elementos e na realidade não é mais do que uma miragem.
NOTA – CINCO ELEMENTOS – Terra, fogo, água, ar e éter
A quem eu devo oferecer meus respeitos se eu também sou deus? No livro Gênesis da Bíblia Sagrada, quando Deus resolve criar o ser, está escrito assim: “agora façamos o homem, que será igual a nós”.
Apesar da palavra homem, não podemos afirmar que Deus criou naquele momento o ser humano, pois o espírito só entra na roda de encarnações (se humaniza) quando, ao comer a maçã, se sujeita à morte. Portanto, esse trecho fala da criação do espírito, do ser universal, do filho de Deus.
Se a afirmação bíblica é verdadeira, então, somos iguais a Deus em tudo (imagem e semelhança). Tudo que Deus possui, por transferência genética espiritual, nós possuímos. Se uma mãe e um pai transferem geneticamente ao filho o que têm, podemos afirmar que Deus transferiu aos Seus filhos o que Ele tem.
Por isso em O Livro dos Espíritos é afirmado: o espírito nasce simples, puro. Devido a esta transferência genética todo espírito na sua origem é a Pureza.
Então, eu, você, todos nós somos deuses. Não o Deus, o Senhor Supremo do Universo, mas um deus. E se eu sou deus a quem devo respeito? Para podermos compreender este ensinamento de Dattatreya vamos entender o respeito.
Para os seres humanizados o respeito ao próximo está ligado a um processo de submissão. Se o Universo está em equilíbrio é justo se imaginar que para isto haja igualdade plena entre todos.
Por isso o mestre afirma que não se deve ter respeito a ninguém. Apesar de ter que viver para servir ao próximo, você não deve se submeter a ninguém.
Para servir ao próximo é preciso amá-lo do jeito que é e do jeito que está, sem críticas. Os seres humanizados confundem o serviço ao próximo imaginando que podem servi-lo apenas concordando com ele da boca para fora.
Isso não é perfeito; é submissão. Para que o serviço seja perfeito é necessário que haja também a concordância em servi-lo de coração (sentimentos – amor). Quem concorda apenas da boca para fora critica no seu pensamento e por isso não ama.
“Sim eu vou fazer o que ele me pede, mas que está errado, está”. “Vou ao lugar que ele quer, mas que lá é chato é”.
Esses são pensamentos daqueles que servem apenas para não ter briga e não por amor. Eles ainda estão pensando em si (seu certo, seu prazer) e não em Deus e no próximo.
Isso não é serviço ao próximo. O serviço acontecerá quando a ação for executada com amor, ou seja, sem nenhum pensamento que julgue, critique ou diga que o próximo está errado.
É isto que o mestre nos ensina neste versículo: a quem devo me submeter, a quem devo me sentir obrigado a realizar coisas mesmo não querendo? A ninguém.
Se quiser buscar a elevação espiritual tem que servir ao próximo, mas por amor a ele e a Deus. Quando essa for a motivação da sua vida estará feliz e em paz por estar servindo. No entanto, enquanto o serviço for uma obrigação ou uma barganha para se elevar (esperar que a paz e o amor e a felicidade surjam porque serviu) ainda estará preso ao binômio prazer e dor.
O verdadeiro serviço ao próximo é feito de mente e alma, de raciocínio e coração: amar e não ter pensamentos que critiquem, acusem ou julguem o próximo ou você. É preciso que as duas coisas reflitam o mesmo objetivo: servir ao próximo sem se servir dele.
Para que o serviço ocorra dessa forma é preciso que você esteja completamente liberto de desejos individualistas, mas com o desejo de Deus, da elevação espiritual através do serviço ao próximo. Só assim haverá a entrega sem medo, sem crítica e sem a busca da satisfação individual.
É isto que Dattatreya está nos dizendo.
Agora, se isto é verdade com relação a outros espíritos encarnados ou não, deve também ser realidade no seu relacionamento com Deus. Ou seja, você não tem que ter submissão a Deus nem impor nenhum retorno para o seu serviço, mas apenas relacionar-se amorosamente com o Pai.
Se os mestres nos ensinaram que é preciso servir a Deus, então faça com amor, por amor. É nisso que se resume a questão sobre o respeito: fazer por amor e não por submissão.