Pergunta: vamos supor que a pessoa com quem o senhor está falando (a visita) não tenha ainda a compreensão de que tudo é maya, é ilusão. Não tenho que ter compaixão por ela e me preocupar em não a expor ao sofrimento?

A humanização do ser não pode servir como desculpa para imaginar poder fazer o que quer, servir o outro do modo que acha que deveria. Lembre-se de que não estou falando em colocar o cachorro em cima, mas viver o que acontecer com equanimidade.

Você precisa ter compaixão pelo espírito e somente a sua equanimidade ao vivenciar os acontecimentos pode auxiliá-lo a libertar-se das suas verdades. Para isso, caso pressinta a sua revolta com a situação, relembrar que todos somos espíritos e o universo é um só. O cachorro, portanto, faz parte do universo e como Cristo ensinou, devemos amar a todos.

Veja, não é dizer: ‘olha, você merece que o cachorro a perturbe porque tem um carma’. Isso seria querer justificar o que está acontecendo. Para ensiná-la, é importante mostrar que, no momento em que reclama, não está cumprindo o ensinamento básico da existência: amar. Mostrando isto ao próximo, terá compaixão com o espírito, mas se quiser proteger as verdades do outro, demonstrará compaixão pelas ilusões dele.

Temos que servir ao espírito e não ao ser humano. Temos que servir ao espírito no sentido de auxiliá-lo a amar a todos e a tudo indistintamente e não viver um amor individualista, motivado por vontades individuais. Para isso, é preciso auxiliá-lo a compreender que o amor que imagina sentir não é universal, mas apenas uma satisfação de desejos individuais, um prazer.

Essa é a motivação de Deus quando cria as situações. Ele está sempre buscando mostrar ao ser humanizado que ama intencionalmente e não incondicionalmente. Se você tem um cachorro e Deus traz pessoas que possuem o maya de não gostar do animal, é justamente para isto: para você poder servi-los na sua luta contra o maya.

Não será, portanto, preocupando-se em tirar o cachorro que ajudará, mas constatando que Deus colocou o animal naquele lugar e o fez agir daquela determinada forma para auxiliar o outro verdadeiramente. Somente quando se desprender dos seus padrões de serviço ao próximo (não o deixar passar por situações de que não gosta), poderá servir conscientemente de instrumento ao Pai.

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