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Quero começar essa conversa falando sobre viver. É preciso porque não adianta nada tentar apender a viver sem saber o que é viver.
Essa mensagem, portanto, é basicamente para isso: para entendermos que a partir de agora vamos começar a aprender a viver e vamos começar a fazer isso conhecendo o que é viver. Vamos lá.
Viver é como ler um livro.
Ao ler um livro você vê frases. Elas sugerem uma consciência, uma imaginação, uma ideia. A cada frase vai construindo um mundo ilusório e irreal do qual vai participando porque está lendo.
Quantos aqui nunca leram um livro, nunca viram um filme, e chegaram a tal ponto de empatia com o mundo que estava sendo criado pela leitura se transportou para ele? Viver é nada mais do que receber um texto pela mente a respeito de uma imagem. Esse texto é acompanhado de uma força que aplica à consciência ilusória a ideia de ser real, de ser verdade.
Você espírito, lê esse texto, recebe esse texto – aí não importa a palavra, porque você não vai entender o mecanismo mesmo – e passa a viver a consciência gerada por ele como realidade. Só que embutido nesse texto existem elementos que estão ali para sensibilizar determinadas tendências do espírito; a vontade de ganhar, o medo de perder, a vontade de ter o prazer, o medo de ter o desprazer, a vontade de ser reconhecido, o medo de ser criticado.
Repare em uma coisa: não é a frase, não é a consciência, a realidade que é criada ilusoriamente por aquela frase, que insufla o egoísmo. São determinados pontos nessa realidade que afetam o seu egoísmo, o egoísmo do espírito.
Isso é viver. A mente diz que você está passando mal. Cria uma ilusão de que você está passando mal. O egoísmo, que não aceita a ideia de passar mal porque isso é perder, vai querer lutar contra a ideia. Vai dizer: coitadinho, isso está errado. É injusto você ficar doente.
Toda essa consciência vai sendo vivida como realidade, enquanto você, na verdade, espírito está no mundo espiritual espiritando. Ou seja, dentro da ideia de vocês fazendo nada, pois para o mundo humano espiritar é fazer nada.
Não sei se lembram do filme Matrix. Viver é exatamente isso: os espíritos estão no mundo espiritual dormindo e as coisas estão acontecendo nas suas mentes. Eles não têm essa consciência de estarem dormindo, acham que estão lá!
Tem um romance espírita – Nosso Lar – onde André Luiz fala de uma enfermaria que visitou. Ela era muito grande e estava cheia de espíritos deitados em macas. Olhando aqueles espíritos reparou que haviam expressões faciais que mudavam. Sentiu que era como se aqueles espíritos estivessem vendo alguma coisa e reagindo a aquilo que estavam vendo.
Nesse momento André Luiz diz para mentor: aquele espírito parece que está sofrendo, aquele outro parece que está rindo, o outro constrangido. O mentor responde: eles estão vivendo a vida deles.
É isso! O espírito, você, está nessa enfermaria no Nosso Lar dentro da sua razão espiritual, onde sempre disse que está o ser humano, lendo livros, recebendo informações, pensamentos, e com isso criando a ilusão de estar vivendo determinadas coisas.
É essa a ideia, é essa a consciência, que pode nos auxiliar muito na questão de aprender a viver, porque colocar o viver relacionado a algum elemento externo é não entender nada da vida.
Sabe o que existe aqui fora, o que existe dentro do que vocês chamam realidade? Figuras, imagens. Não existe movimento, nada acontece. Uma imagem sucede a outra.
Como sempre disse, o que existe é um presente que sucede a outro presente, sem que isso crie algum tempo. É uma série de imagens que vai sendo projetada.
É igual filme. O filme é uma série de fotografias que vão sendo projetadas. Nele não existe o menor movimento. O movimento que vocês veem não está no filme, mas no olho. É o olho que ao passar as fotografias do filme, cria a ideia de estar havendo um movimento.
É a mesma coisa: é a razão, a mente humana que cria a ideia de movimento conforme as figuras geradas pela razão vão se sucedendo. Portanto, não há o que se discutir externamente, pois não é você que faz a figura, que cria a ilusão da movimentação.
O que precisa ser feito é voltar-se para dentro, como aliás ensinam todos os mestres. Ao fazer isso descobrir que existe essa frase, essa oração, que pela força de maya e pela ilusão da movimentação, cria a ideia de estar acontecendo alguma coisa. Além disso, essa frase contém elementos, que são tidos também como reais, como verdadeiros, como certos, e que ativam determinados aspectos da sua vivência egoísta.
Nesse trabalho que começamos hoje precisamos partir do ponto que é preciso conhecer essa criação, reconhecer os ismos que estão presentes nessas criações e descobrir uma forma de conviver com esses ismos, que não podem ser apagados, que não podem ser destruídos, que não podem ser modificados. Aprender uma forma de conviver com eles de tal forma que não os deixe sensibilizar o nosso egoísmo. E aí, com o egoísmo não sensibilizado, ele some, pois o amor vai apagando o egoísmo aos poucos.
Será isso que vamos começar a fazer agora: um novo estudo, Aprender a Viver. Nele vamos primeiro analisar as criações mentais. Vamos ver as realidades geradas pela razão, tentar reconhecer os ismos, ou seja, as verdades, normas, obrigações e necessidades embutidas na razão e aprender a conviver com elas.
Com isso vamos criar um aprendizado de como viver essa vida, que, em resumo, é a Faculdade Espiritualista de Vida sobre a qual falamos nos últimos 20 anos. Vamos aprender também uma coisa muito interessante e que hoje até a própria humanidade está buscando, mas não utiliza a libertação do egoísmo para poder alcançar: inteligência emocional.
Vamos alcançar a inteligência emocional com esse estudo porque se a emoção é criada por uma razão, é uma razão emocional, é preciso aprender a lidar com as emoções. Lidar para que a emoção criada, a emoção racional criada, não sensibilize algum aspecto que faça o egoísmo suplantar o amor.
É isso que nós vamos conversar. Espero vocês no próximo encontro para a conversa.
Que vocês fiquem capazes do Deus.