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Felizes os que sabem que são espiritualmente pobres, pois o Reino do Céu é deles.
O que será ser pobre espiritualmente? Para entendermos isso, vamos ver o que é o pobre, materialmente falando. Aquele que no mundo humano é considerado como pobre é quem passa fome, não tem comida, não tem posses. A partir dessa compreensão, podemos dizer que pobreza significa um estado onde existe carência de posses.
Voltando ao espírito, pergunto: qual a posse o ser espiritual pode ter? Seus sentimentos. Apenas isso é dele, ou seja, possui. Todo resto é de Deus e poderá ser retirado de sua guarda a qualquer momento.
Juntando as duas informações podemos dizer que pobre de espírito é aquele ser universal que possui carências de sentimentos. Essa carência, no entanto, não é caracterizada pelo volume de sentimentos, mas por não possuir qualidades diferentes.
Pobre de espírito é aquele que só tem um sentimento para viver: o amor. Ele possui muito amor, mas só tem este tipo de sentimento e nenhum outro. Ele não tem mais nenhum sentimento, não sente mais nada, apenas ama.
O pobre de espírito não tem raiva, não tem ganância, ira, contentamento. Quem possui todos esses sentimentos é um rico espiritualmente falando, pois possui diferentes qualidades de sentimentos. Por causa dessa riqueza não pode ser chamado de pobre de espírito.
Dessa forma, a compreensão exata do ensinamento de Cristo nesse trecho é que aquele que possui apenas o amor chegará a Deus e será feliz.
A partir do momento que já compreendemos o ensinamento, podemos então realizar aquilo que nos propomos neste trabalho, ou seja, a mostrar o que Cristo ensinou que é amar, ou o amor crístico.
Amar é só amar…
O que quer dizer isso? Que o amor ensinado por Cristo é incondicional, ou seja, só existe por ele mesmo. Quem ama universalmente não o faz por causa de nada, para nada, de nenhum jeito específico. Para Cristo, amar é amar e ponto final.
Cristo ensinou a amar a todos independentemente do que lhe façam, do jeito que estejam ou do lugar que estiverem. O amor crístico é incondicional, ou seja, existe sem que haja necessidade de condições específicas para existir. Por isso, aquele que quer praticar os ensinamentos trazidos pelo mestre precisam amar o tempo inteiro e a todos, sem nenhuma condição.
O pobre de espírito só tem amor e para ser assim só ama, ou seja, na prática abole toda e qualquer condição para amar. Amar é simplesmente amar e não amar ‘porque’ ou ‘para que’. Amar é doar-se sem esperar nada em troca, entregar-se profundamente sem impor condições ou restrição alguma. Sem esperar sequer que o outro lhe ame.
É isso que Cristo ensina quando fala que o bem-aventurado tem que ser pobre de espírito para poder possuir o Reino do céu. Para os seres humanos o amor crístico, no entanto, é muito difícil, pois o seu amor fica subordinado a condições para existir.
Os sentimentos humanos são todos, na verdade, um amor condicionado. Por exemplo: ‘eu amo porque ele faz isso’. Amar só por causa de alguma coisa não é amor: é contentamento, prazer. Sempre que se impõe uma condição para amar que é realizada, surge o prazer de ter sua vontade contentada e o ser humano chama de amor.
É isso que Cristo está nos ensinando. O verdadeiro amor não espera nada, não condiciona a sua existência a nada. Eu amo, ponto final. Portanto, amar é amar e nada mais que isso.
Pensando agora em termos de reformar-se, se amar é simplesmente amar, o que temos que fazer para viver este amor crístico? Acabar com as condições para amar. De nada adianta o ser humano querer amar porque não conseguirá enquanto o seu ego estiver criando condições para amar.
Observação
Nessa análise temos o exemplo de como este livro se desenrolará.
O ensinamento – Bem-aventurado os pobres de espírito, pois o Reino do Céu será deles.
O amor crístico – Amar é amar.
A reforma íntima – Lutar contra as condições que o ego coloca para amar.
Esse será o desenrolar desse trabalho ao lermos todos os ensinamentos deixados por Cristo. Ao final teremos uma cartilha ensinando o que é amar universalmente, mas principalmente, mostrando o que precisamos fazer para amar como o Cristo amou.