Participante: mas, nós convivemos com o mundo. Vivemos numa sociedade onde cada um tem obrigações e deveres que precisam cumprir. Como podemos colocar em prática o que o senhor diz? Seria muito fácil jogarmos tudo para o ar e viver desse jeito.
Você se engana. Não seria nada fácil fazer o que estou dizendo. Na verdade, o fácil é fazer apenas o que esperam de você. Difícil é ir contra o mundo e fazer o que os outros não querem que faça…
Participante: então, devemos nos isolar do mundo?
Também não estou dizendo isso. Veja bem: tudo o que a sociedade lhe impõe, tudo o que o mundo humano coloca à sua disposição, é prova. Isolando-se, não viveria provas e assim não poderia elevar-se.
O que estou falando é em conviver com o mundo, mantendo-se unido a Deus.
Participante: mas, isso demora…
Claro. Estamos falando de prova e não de um rápido teste. O ser que encarna possui diversas questões que precisa responder, por isso a vida humana possui a duração que tem.
Mas, aproveitando que estamos falando de provas, pergunto: como conviver com o mundo material e realizar suas provações a contento? Para falar disso vou usar como exemplo um acontecimento da vida carnal: ser mãe.
Ser mãe é uma provação para o espírito. O que está em provação neste momento? A consciência com que se vive a maternidade.
Ser mãe é viver uma prova onde se decide como se vive a maternidade: com a consciência de que é um instrumento do Pai para ajudar na encarnação de um filho Dele ou se vive com a ideia de que é a própria genitora e por isso é aquele que comanda a existência do outro.
A partir dessa meditação, ou seja, da descoberta do valor essencial da maternidade, descobre-se que o ser se eleva quando, sem abandonar o papel de provedora, se sente apenas como instrumento para que o Pai dê ao Seu filho aquilo que ele precisa e merece.
Mas, como viver desse jeito numa sociedade que possui normas e regras que ensinam o que é ser mãe e como se agir na vivência desse papel? Simples: vivendo com a consciência de todas as suas regras, sem sentir-se obrigado a subordinar-se a elas. Vou dar um exemplo para ficar claro o que disse.
Numa das regras, a sociedade diz que a genitora deve prover o filho com uma casa confortável e equipada com determinados instrumentos que gerem conforto e proporcionem a oportunidade de avanço material para o filho. Aquele que vive em comunhão com Deus convive com essa regra, mas em vez de se orgulhar de prover desta forma seu filho ou culpar-se por não fazê-lo, diz: ‘eu disponibilizei para o meu filho a casa que ele precisava para o seu trabalho nesta encarnação’.
Digamos, no entanto, que a casa que disponibilizada para ele não é compatível com o meio que vive. Nesse caso, a sociedade cobrará que você não está sendo uma boa mãe, pois não está atendendo toda a necessidade de seu filho. Certo? Não, errado. Na verdade, não é ela que lhe cobra, mas você que se sente cobrada por causa disso.
Por que se sente cobrada? Porque ainda não mudou o valor essencial da sua vida. Se tivesse mudado, quando alguém lhe cobrasse algo que não fez, não se sentiria cobrada, pois por conta dessa mudança, aquela realização não é mais importante para você.
Viu como dá para praticar o que falo? Mas, quando conseguirá isso? Quando, através da meditação, alterar o valor essencial da sua vida. No momento que isso acontecer, não se sentirá mais obrigada a se subordinar às leis da sociedade e poderá viver em paz e harmonizada com o mundo que possui regras e normas.