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Participante: para mim isso é claro, mas, da mesma forma que você me perguntou antes e eu dei uma resposta humana, a busca pela mudança do mundo externo vem à mente automaticamente. Aí não consigo eliminar o sofrimento. Inclusive anotei uma frase de Paulo que queria conversar com você: o bem que quero fazer, não faço, mas o mal que não quero, faço. A compreensão, até onde posso ter, obviamente, de tudo o que conversamos é clara. Mas, chega na hora, não consigo fazer. Imagine alguém que nunca esteve aqui…
Eu sei que já entenderam o que estou falando. Por isso não é esse o fundamento da nossa conversa. O que quero hoje que compreendam é a questão do processo e não da lógica.
O processo é: você tem alguma coisa que incomode? Mude aquilo. Não pode mudar? Mude a si mesmo, mude o incômodo que está sentindo.
Participante: ele pode agir nesse sentido se tiver outra crise?
O que estamos falando é de uma crise em outras pessoas e estamos encontrando formas de agir. Por isso digo que ele pode agir sobre si mesmo se tiver uma crise. Para isso, pode usar os próprios argumentos que usou nessa nossa conversa.
Mas, mesmo que não entre em crise da síndrome do pênico, mesmo que não seja diagnosticado com um câncer, pode ser que saia daqui agora e outro motorista dê uma fechada no seu carro. Isso gerará uma contrariedade. Dela virá uma emoção que não é aquilo que quer para si. Por isso aja sobre aquela contrariedade.
Como agir? Aja desse jeito: ‘posso ir lá e fazer aquele motorista não me dar a fechada’?
Participante: não.
Porque não posso?
Participante: porque já passou, aquele momento já acabou, a fechada já aconteceu.
Isso.
O momento da fechada já acabou, já passou. Você não tem mais condição de mudar o acontecimento. Por isso precisa aprender a mudar o lidar com a fechada que levou para que viva sem sofrer.
Como se faz isso? Conversando consigo mesmo:
‘Vai ver que ele estava com pressa e nem viu que me fechou, vai ver que tem alguém passando mal no carro e ele está correndo para ir para o hospital, vai ver que é um motorista novo, que ainda não tem noção do que é dirigir no trânsito’.
O argumento que usar para mudar a forma como reage ao que está acontecendo não interessa, são só palavras. O que importa é que o argumento descontrua a obrigatoriedade de sofrer.