Mas, e a ação do homem, é decisiva sobre o destino de outro homem? Ouça bem o que vai dizer agora o Espírito da Verdade:
528. No caso de uma pessoa mal-intencionada disparar sobre outra um projétil que apenas lhe passe perto sem a atingir, poderá ter sucedido que um Espírito bondoso haja desviado o projétil? Se o indivíduo alvejado não tem que perecer desse modo, o Espírito bondoso lhe inspirará a ideia de se desviar, ou então poderá ofuscar o que empunha a arma, de sorte a fazê-lo apontar mal, porquanto, uma vez disparada a arma, o projétil segue linha que tem de percorrer.
O projétil vai correr o trajeto para o qual foi lançado. Se um homem estiver no seu caminho e não tiver que morrer, receberá a intuição para chegar para o lado.
Mas, e quando alguém recebe a bala e perece? É porque tinha que morrer e por isso não recebeu a intuição para sair da trajetória do projétil.
Viver com essa consciência é amar a Cristo.
Lembremos o que já disse: o mestre sabia volitar, era capaz de proezas como andar em cima das águas, mas não fugiu do seu destino: a cruz. Ele sabia que se o Pai quisesse mandaria legiões de anjo para salvá-lo, mas como não mandou, quer dizer que os anjos estavam o levando para o cadafalso.
Aí está uma grande verdade que a humanidade odeia ouvir: Cristo não foi crucificado pelos romanos, nem pelos judeus. Ele foi crucificado por determinação de Deus.
A crucificação foi uma história pré-montada antes da encarnação para dar aos espíritos encarnados o seguinte ensinamento: se estiver sendo levado para a sua cruz, vá, em paz, perdoando, amando. Jamais fuja da sua cruz.
Faça como Cristo disse anteriormente nesse mesmo Evangelho de João: o que posso dizer nesse momento, sinto uma grande aflição. O que vou fazer? Vou dizer, Pai afasta de mim esse cálice? Não, direi, Pai glorifica seu nome através de mim.
A humanidade odeia ouvir isso, porque quer preservar a vida material. O ser humano quer continuar vivo, materialmente falando, porque quer continuar humanizado, quer continuar ganhando migalhas (as poucas vezes em que o desejo é realizado) aqui e ali.
Cristo morreu na cruz sem aflição, sem medo, sem acusações. Entregou-se àquele momento porque sabia que aquilo era apenas uma história pré-montada para dar aos seus seguidores um ensinamento: não fuja do seu destino, por mais que não o queira.
Os humanos cristãos não querem ouvir esse ensinamento que já tem dois mil anos e continuam lutando para ganhar sempre.
Quanto aqueles que não reagem aos acontecimentos do mundo, que se entregam passivamente às suas cruzes mantendo intacta a relação amorosa com Deus, são criticados pela humanidade. Criticam porque, apesar de dizer que amam a Cristo, não querem ser crucificados, ou seja, não querem ver os seus supostos direitos serem afetados. Essa é a realidade.
Por favor, não digam que estou radicalizando. Estou simplesmente pegando ensinamentos que existem em O Livro dos Espíritos e na Bíblia para mostrar que o ensinamento é um e a prática é outra.
Quanto à afirmação de Cristo motivou toda nossa conversa, o mundo o odeia, também não a inventei. Está há quase dois mil anos no Evangelho de João. Cabe a nós não a discutir, mas entendê-la, compreendê-la, que, aliás, é isso que estamos falando neste trabalho.
Como disse, ao estudar os ensinamentos do Novo Testamento gostaria de falar da prática da vida e é exatamente isso que estou fazendo hoje: mostrando que a prática da vida daqueles que se dizem seguidores de Cristo é hipócrita, porque amam a Cristo, mas não querem viver como o mestre viveu.
Não querem doar-se como o mestre doou-se. Preferem manter a sua humanidade intacta a se entregar ao espiritualismo, mesmo sabendo que com isso não alcançam a evolução espiritual, ou seja, não caminham o caminho que leva a Deus.