Enviar texto por Whastapp
Enviar texto por Telegram

Áudio

Participante: apesar das armas que nos foram dadas por você, ainda não aprendemos a atirar. Vou colocar uma situação do dia-a-dia e comum a muitos seres humanos. Uma dor de cabeça de forte intensidade e crônica acaba resultando em sofrimento. Pelos ensinamentos, talvez o sofrimento não seja pela dor em si, criação da mente, ego como prova, mas sim pelo desejo que a pessoa tem de não querer ter dor. Eis aqui o ensinamento que entendi, mas confesso que ainda não compreendi, tipo uma arma que sei que tenho para combater essa situação, que já me foi explicado o funcionamento, mas que ainda não sei ou consigo usá-la na sua plenitude. Como trabalhar internamente essa situação específica criada pela mente? Com o uso correto dessa arma a dor permaneceria, mas não estaríamos mais apegados a ela e, por consequência, não haveria mais sofrimento, ou com o aprendizado e com a desidentificação, a dor criada pela mente, ego, de fato desaparece e, por consequência, o sofrimento?

Segundo, e ainda nessa linha de provas físicas e criação mental do ego, aqui é o contrário: uma simples e às vezes passageira dor de cabeça ou de dente teria ou poderia nos provar ou ensinar em termos de reforma íntima e elevação espiritual?

Terceiro, somado a isso, humanos ilusoriamente atribuem ao comprimido analgésico e não a Deus o alívio da sua dor e do cessar do seu sofrimento físico. Poderia explicar melhor essas provações e como devemos ressignificar nosso entendimento também sobre essas simples provações do dia a dia na visão universalista? Aqui na Terra, para se usar as armas, basta apenas apertar um botão ou um simples gatilho.

Desculpa pela nossa humanidade e ainda constrangedora ignorância espiritual.

Sua pergunta é quilométrica, mas a resposta é um atalho.

O problema da dor é que existe a dor e o doer.

Isso, além de existir a dor, existe o doer, o sentir a dor. Parece jogo de palavras, mas não é. A dor é a dor. Já doer é aquilo que você sente como reflexo da dor. A dor em si não dói. O que dói é o doer que você vive por causa da dor.

Parece engraçado, parece a mesma coisa, mas são diferentes. Uma dor é uma dor. Ela pode doer ou não doer. É só observar quantas coisas existem no corpo que dói e você não sente a dor.

Então, existe a dor e o doer. Existe, também, o viver a dor.

Que é viver a dor? Ai, está doendo, que coisa horrível.  Posso também viver assim: está doendo, mas e daí? A diferença está na intensidade que você vive a dor.

É essa intensidade que determina a sua universalização. Universalização não é não ter dor, não é não doer; é viver a dor de uma forma que ela não altere o seu próprio estado de espírito.

Compreenda: o estado de espírito é a forma como você vivencia determinadas coisas. Essa é a questão. O importante, o que precisa entender é que você deve alcançar o estado de espírito que não seja guiado pela dor, pelo doer.

Ai, meu Deus, está doendo muito. Esse é o estado de espírito daquele que passou a ser dominado pelo doer.

Essa é a primeira resposta.

Portanto, existe a dor, o doer, mas o que importa é como você vive a dor ou doer, ou seja, com que estado de espírito vivencia o doer. O estado de espírito que leva à felicidade, a paz, é a equanimidade, a apatia: está doendo? Está, e daí? O que posso fazer?

Já com relação à prova que você falou, ao trabalho de elevação, nada disso tem problema, nada. Você pode inclusive viver em um estado de espírito comprometido pelo doer, que isso não causa problemas na busca da elevação espiritual, da reforma íntima. O que realmente interessa no sentido da provação do espírito é se vai viver a dor que Deus lhe deu ou vai renega-la, buscando a cura, achando importante a cura, desejando a cura.

A prova espiritual é sempre essa: você vai viver a vida que tem em paz, harmonia e felicidade, ou vai renega-la? Por que que essa é a prova espiritual? Porque a dor é o bem de Deus para você e o não querer a dor, a doença, o buscar a cura é o mal.

Olha só que interessante: o que era bem virou mal, o que era mal virou bem. Por quê? Porque o que hoje acredita que é mal, é criado pela razão humana, não por Deus. Tudo que vem de Deus é bem. Então a doença é boa, é bem, e a busca da cura, é mal.

Só um detalhe, nunca nos esqueçamos que atos não são controlados. Então, se você for ao médico, foi, se tomar o remédio, tomou. Não é disso que estou falando. O que estou comentando é sobre desejar a cura, achar importante, primordial a cura, achar que depende e precisa da cura. Esse é o problema.

Viu como a resposta era curta?

Compartilhar