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A base do ensinamento trazido pelo Espiritualismo Ecumênico Universal é que existe um estado de espírito onde se pode viver uma felicidade incondicional e eterna. Esta concepção, no entanto, para os seres humanos é utópica, pois para eles a vida é constituída apenas de momentos de felicidade. Imaginar uma existência onde a infelicidade jamais aconteça é coisa apenas para a imaginação de sonhadores.

Para que a felicidade incondicional deixe de ser utopia, um primeiro conhecimento deve estar presente na vida dos seres humanos: a cada momento ele possui o livre arbítrio, ou seja, o poder de decidir com que estado de espírito vivenciará o acontecimento. As coisas (pessoas, acontecimentos ou objetos) não podem definir o estado de espírito de um ser, mas ele opta em reagir com determinado sentimento a elas.

O mesmo acontecimento presenciado por diversas pessoas levará alguns a alcançarem a felicidade enquanto outros encontrarão o sofrimento. Se o estado de espírito fosse decretado pelo fato em si, todos deveriam reagir da mesma forma: sofrendo ou ficando feliz.

A felicidade incondicional, estado de espírito onde o ser jamais sofra, não é, portanto, uma utopia, mas algo que só será alcançado a partir do livre arbítrio de cada um. Todos podem ser felizes o tempo inteiro, mas precisam decidir ser.

Portanto, ser feliz é uma questão de opção e não de acontecimentos.

A partir deste conhecimento, o ser humano pode compreender que não sofre por causa da situação do planeta (fome, guerra, miséria), ou de sua vida (desencontros, saudade, perda, contrariedade), mas que o sofrimento nasceu da sua decisão pessoal de escolher este estado de espírito para vivenciar determinados acontecimentos. Se ele optasse, como muitos fazem em face de estes mesmos acontecimentos, por permanecer feliz, por manter inalterado o seu padrão de felicidade, o sofrimento não encontraria guarida e desapareceria.

No entanto, como deixar de sofrer nessas situações? Como é possível escolher felicidade quando existe tanta desgraça, desamor e injustiça ao nosso redor? Existe apenas um instrumento que pode auxiliar o ser humano neste momento: a .

Como nos ensinou Jesus Cristo, a fé, mesmo que do tamanho de um grão de mostarda, pode remover as montanhas da vida, ou seja, as desgraças, os desamores e as injustiças. Sem a fé em Deus, os acontecimentos do mundo continuarão sendo visto como montanhas (algo difícil de transpor), ou seja, de se permanecer feliz.

Mas, o que é fé em Deus? Este é um tema de debate entre todas as religiões. Elas ainda não chegaram a um consenso sobre a fé, porque na verdade a subordina aos conceitos doutrinários de cada uma delas. Desta forma, podemos afirmar que a fé procurada pela igreja católica, por exemplo, é a fé em Deus a partir dos ensinamentos doutrinários da religião católica. Como cada uma usa a sua doutrina para definir fé, podemos dizer, então, que para cada religião existe uma definição de fé.

Jesus Cristo, bem como todos os mestres da humanidade que trouxeram ensinamentos a partir dos quais foram erigidas religiões, não falaram de fé em doutrina religiosa, mas da fé em Deus. Amar a Deus acima de todas as coisas, este é o ensinamento que fundamenta a fé de todos os seres purificados.

A religião é um objeto do mundo material e, portanto, o amor a Deus deve ser superior ao próprio ensinamento religioso ou à própria religião. Somente o amor incondicional a Deus pode levar o ser humano a conseguir optar pela felicidade a cada segundo de sua existência.

 A escolha de um ser humano (felicidade e infelicidade) se deve a um raciocínio. Ao ver, por exemplo, uma criança subnutrida à beira da morte, inconscientemente o ser humano opta pela infelicidade, porque o seu raciocínio mostra a ele que ali está acontecendo uma barbaridade, um desamor e uma injustiça. Isto ocorre, porque os conceitos (verdades arquivadas na memória) estampam estes valores. Toda uma cultura (verdades) está presente no pensamento levando a um fim inexorável: o sofrimento.

No entanto, perguntamos, onde ficou Deus neste pensamento? Onde a presença do Ser Onipresente, Onisciente e Onipotente foi sentida ao presenciar a cena?

Fé é entrega com confiança total a Deus.

A ação da fé em Deus leva o ser humano a lembrar-se do Pai em todos os acontecimentos. Viver com Deus presente, a cada segundo em sua existência é viver em fé. Como também nos ensinou o Mestre Nazareno, orai e vigiai, ou seja, viva em contato com Deus e vigie para encontrá-Lo a cada momento.

Esta é a entrega pedida por todos os mestres. Entregar-se a Deus é senti-Lo em cada acontecimento do planeta, vivenciar cada fato sentindo a Sua Presença. Só isto, porém, não é necessário para que se opte pela felicidade: é preciso a confiança total Nele. Ter fé é vivenciar Deus a cada segundo depositando a confiança incondicional Naquele que a tudo pode, vê e sabe. É sentir-se acariciado e orientado pelo Pai no sentido da evolução.

A entrega com confiança a Deus muda a compreensão que se tem dos fatos.

Se o ser humano compreende os fatos raciocinando, quando, ao invés de suas verdades, ele utiliza a fé (confiança e entrega total a Deus), a sua compreensão mudará. A fome de uma criança é barbárie, desamor e injustiça porque os seres humanos não dividem seus bens. O egoísmo e a avareza das pessoas é que faz o coitadinho sofrer desta forma. Estas são verdades que levam ao sofrimento, mas elas surgem apenas do que o ser humano sabe (alcança através dos sentidos físicos) e não leva em conta a fé.

A partir do momento que a fé entrar em ação, ou seja, a confiança e entrega a Deus influenciarem o raciocínio, o pensamento terá que ser diferente e aí, a conclusão também se alterará.

Como pensar diferente? Que valores devem usados?

Você que nos acompanhou até este ponto deve estar começando a pensar em dogmas, ou seja, que a fé em Deus deve ser cega. Isto, no entanto, não é verdade.

O ser humano é lógico, ou seja, precisa compreender a situação para poder chegar a uma conclusão e aí exercer a sua escolha sentimental. Apenas se informar que a criança sofre porque tem que sofrer, porque Deus presente está vendo ela sofrer e não faz nada, fere esta lógica. A entrega com confiança irrestrita a Deus precisa advir de uma lógica humana, pelo menos neste momento de evolução da humanidade. Por este motivo a fé dogmática ainda não pode ser exercida no planeta.

A fé, então deve ser raciocinada?

Esta é a pergunta que você deve estar se fazendo agora. Respondo, porém, que a fé raciocinada não é fé, mas apenas a manutenção das verdades individuais de cada um.

Como conversamos, o ser humano raciocina as coisas (acontecimentos, pessoas e objetos) a partir de suas próprias verdades e não de novos valores. Desta forma, o raciocínio sobre a entrega com confiança a Deus submeterá a fé aos valores do ser humano e não aos valores de Deus (Suas Verdades).

Um ser humano que raciocinar a sua entrega ou confiança no Pai, submeterá a fé aos seus próprios valores. Assim sendo, se o fato lhe agradar ele se entregará e confiará em Deus se não, blasfemará dizendo que o Pai não sabe o que está fazendo, que não compreende o que é melhor para ele.

Conquistada a confiança surge a entrega e quando isto acontecer, ela não deve ser mais ser questionada ou raciocinada.

Para optar pela felicidade é preciso conhecer os acontecimentos a partir da fé e não Deus a partir dos acontecimentos.

 Um grande equívoco do ser humano é querer raciocinar a sua relação com Deus a partir dos acontecimentos da sua vida ou do mundo onde vive. Esta forma de proceder é que leva o ser humano a agradecer a Deus (ficar feliz) quando os fatos lhe satisfazem e a reagir contra Ele (sofrer) quando o contrário ocorre.

Estabelecida a fé, é preciso se mudar a visão sobre as coisas. Analisar os acontecimentos a partir desta nova relação de confiança e entrega e não duvidar a cada segundo deste relacionamento. Quando o relacionamento homem/Deus for a base para o raciocínio dos acontecimentos, a compreensão deles será alterada.

Uma criança que passa fome é uma visão material. Um filho de Deus vivenciando uma situação com a presença Dele são acontecimentos diferentes, dentro da compreensão do homem.

Para alcançar essa fé, é preciso, antes saber a que está se entregando.

A confiança ganha lógica quando se sabe em quem estamos confiando. Uma pessoa que ao longo dos anos esteve presente em nossa vida como amigo merecerá confiança e crédito, mesmo que alguém venha desonrá-la. Esta é a fé com conhecimento raciocinado. É preciso que raciocinemos Deus (O conheçamos) para que possamos estabelecer a lógica da confiança e entrega. A partir deste conhecimento, podemos alcançar a confiança e defende-Lo sempre que as verdades individuais buscar desonrá-Lo.

Deus só pode ser conhecido através dos ensinamentos daqueles que Ele enviou.

O ser humano não consegue conhecer a Deus através de suas verdades, pois faltam a elas humildade e desmaterialização. Para se ter alguma noção de quem é o Pai, não no sentido físico, mas moral, intelectual e sentimental, é preciso que ouçamos aqueles que foram enviados por Deus justamente para estabelecer o caminho para a fé.

O ensinamento máximo que todos os Mestres trouxeram é que Deus é o Senhor Onipotente do Universo. Nada nem ninguém possui no universo poder maior do que Deus. Para Ele nada é impossível.

A partir desta Verdade, como voltar a ver o mundo sob o mesmo prisma? Será que o Senhor Onipotente não pode desviar uma bala que se perdeu e, desta forma, proteger um inocente? Será a ganância ou avareza do ser humano que não reparte o seu pão poderá ser mais forte do que Ele e, por isso, a criança precisa passar fome?

Você, pai ou mão, deixaria seu filho passar fome apenas porque o mundo não contribui para que ela se alimente? Certamente não. Faria tudo, inclusive humilhar-se mendigando, para que isto não acontecesse. Se você, que possui parcos poderes, conseguiria, de um modo ou de outro um pequeno alimento para seu filho, porque o Pai Todo-Poderoso não faria nada?

 Deus poderia mover todo o universo, se preciso fosse, para que aquela criança recebesse o alimento. Jesus Cristo poderia materializar o pão e o peixe e os anjos trariam especialmente para aquele filho, pois o Pai nunca deixaria a míngua o filho.

A entrega sem esta Verdade não existe. É preciso se confiar em Deus absolutamente para saber que, se possível, Ele já teria providenciado um prato de comida para a criança faminta. Se Ele achou necessário que isto acontecesse, o ser humano que confia Nele deve buscar esta mesma compreensão e não querer saber o por que Dele não ter providenciado que a fome fosse saciada.

Deus é a Inteligência Suprema do Universo, ou seja, possui a capacidade infinita de compreensão de todas as coisas. Somente Ele pode compreender todos os aspectos da fome daquela criança. Seus raciocínios contêm Verdades que somente Ele vê e que, aos olhos do ser humano, não existem.

Quando o Pai não providencia o alimento é porque sabe que a criança precisa e merece esta situação. A compreensão é fruto de um julgamento perfeito de toda a existência daquele ser e não apenas da visão restrita de um ser humano, quer em espaço ou tempo.

No entanto, se o julgamento determinasse que aquela criança não deveria sofrer esta situação, Deus providenciaria o seu alimento. Como Jesus Cristo nos ensina, ”o Pai de vocês, que está no céu, sabe que vocês precisam de tudo isso” e providencia o alimento para cada um. Isto porque Deus é a Causa Primária de todas as coisas.  “Não cai uma folha da árvore sem que meu Pai faça cair”: não existe uma fome no mundo que Deus não a tenha feito.

Tudo o que acontece no universo é uma ação, mas não isolada. Para se compreender a vida é preciso que se entenda o inter-relacionamento que existe entre tudo. Todas as ações são reações (consequência) de alguma coisa.

Uma batida de automóvel é consequência do fato do carro está na rua, que se originou na sua vontade ou necessidade de sair, que foi causada por alguma outra coisa. Se eliminarmos a causa dos acontecimentos perde-se o verdadeiro sentido (essência) do mesmo.

Na busca da causa primeira de qualquer ação, ou seja, a origem de tudo, o ser humano muitas vezes, pela falta de conhecimento atribui a origem do acontecimento ao acaso, mas seria um contra-senso, porque o acaso é cego e não pode produzir os efeitos da inteligência.

Buscar a causa da fome da menina no desamor, injustiça ou barbárie é interromper um ciclo, pois mesmo estas coisas possuem uma causa e ela se encontra na Justiça Perfeita de Deus.

“Deus dá a cada um de acordo com suas obras”, ou seja, cada um recebe de acordo com seu merecimento. A falta de alimentação é causada por Deus (Causa Primária), mas alcança especificamente aquela menina porque é o justo que ela merece.

Crer no Deus Onipotente que comanda os acontecimentos do universo e ao mesmo tempo encontrar injustiça é querer saber avaliar melhor do que o Pai o merecimento de cada um.

Até aqui chegamos muito facilmente neste nosso raciocínio sobre Deus e, consequentemente, sobre a fé. Isto porque muitas verdades humanas foram preservadas. A partir de agora, no entanto, será necessário vencer o mundo, ou seja, falsas verdades que fazem parte da cultura da humanidade.

Se Deus dá a fome, os valores humanos apontam o Pai como um sádico (que se diverte com o sofrimento alheio) ou como alguém insensível, ou pior, sem amor.

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